O Benfica conquistou a dobradinha 20 anos depois, ao vencer na final da Taça de Portugal o Sporting por 3-0.
Foi um jogo quente o que se viveu em Vila Franca de Xira. Com um forte contingente policial a garantir a segurança nas bancadas, o momento mais delicado acabou por surgir no acesso aos balneários ao intervalo, numa confusão generalizada em que Pedro Henriques e Tiago Losna acabaram expulsos. Na saída, numa troca de palavras acesa, Girão encostou o capacete na cabeça de Nicolía, enquanto João Pinto provocava o argentino com o stick nas costas deste. Pedro Henriques apercebeu-se da situação e terá tentado pôr cobro à situação, sendo no entanto alegadamente cuspido por este. O guardião do Benfica perdeu a cabeça e respondeu, para um inevitável vermelho.
João Pinto e Pedro Henriques
No jogo propriamente dito, o Benfica controlou totalmente a primeira parte. Ainda que em parte consentido pela estratégia verde-e-branca, os encarnados encostaram o adversário e remataram muito, levando em alguns momentos ao desespero o guardião Ângelo Girão, estóico na defesa do nulo.
Os leões eram tímidos no ataque e só se libertaram nos minutos finais da primeira parte. Mas tal abriu espaços na retaguarda e, já no derradeiro minuto, Carlos Nicolía – que já desperdiçara uma grande penalidade - surgiu em contra-ataque e bateu Ângelo Girão para o tento inaugural da partida.
Girão sempre atento e quase intransponível
As cenas após o apito para o descanso deram o mote para uma segunda parte complicada para a dupla de arbitragem. Sem os avermelhados Tiago Losna, cuja utilização estava em dúvida por condicionalismos físicos, do lado do Sporting, nem Pedro Henriques, substituído no papel de guarda-redes suplente por Miguel Rocha, a partida recomeçou com um Benfica a controlar mas já não da mesma forma asfixiante e sempre com Ângelo Girão a parar o possível e o impossível. Nem de livre directo. Lopez, Nicolía e João Rodrigues não conseguiram bater o “muro” Girão na sequência dos azuis a André Moreira, Daniel Oliveira e Ricardo Figueira, este último depois de também Trabal brilhar na defesa a um livre directo.
Na sequência dos azuis mostrados, o Sporting chegou a jogar com apenas dois de pista.
Foi preciso o habitual titular da Selecção Nacional “dar” – obrigado por um azul por protestos - o seu lugar a Zé Diogo para que os encarnados voltassem a marcar. De grande penalidade, João Rodrigues fez o 2-0.
Pouco utilizado ao longo da época, Zé Diogo conseguiu evitar que a sua equipa sofresse mais golos até ao regresso de Girão, e o Sporting subiu no terreno à procura do golo que relançasse a partida, com muito coração mas poucas forças, sempre com Trabal a responder à altura ao seu homólogo de posição e a “fechar a porta”.
3-0 por Nicolía decidiu a partida
A dois minutos do fim, Nicolía acertou enfim de bola parada e encerrou a discussão da Taça, vivendo-se dois minutos já de festa encarnada até ao apito final.
Finda a partida, em protesto com a arbitragem, o Sporting saiu em bloco da pista e do pavilhão, não ficando para a entrega das medalhas nem para a conferência de imprensa. O clube leonino remeteria a reacção para um comunicado a emitir posteriormente.
O jogo marcou a despedida dos argentinos Carlos Lopez e Estebán Abalos, que estiveram ao serviço dos encarnados quatro e cinco épocas, respectivamente.
Com esta conquista, a 15ª na Taça de Portugal, o Benfica repete a dobradinha de 1994/95, então sob o comando de Carlos Dantas e uma equipa que contava com nomes como Fernando Almeida, Paulo Almeida, Rui Lopes, Vítor Fortunato ou Luís Ferreira.